Claranet volta a buscar empresas no Brasil

Companhia de computação em nuvem e cibersegurança tem no país um novo comando.

São Paulo 21/05/2025

Daniel Galante
Daniel Galante: “Temos um canal de ética que pode ser acessado 24 horas”

A operação brasileira da Claranet, grupo britânico de serviços de computação em nuvem e cibersegurança, está sob nova direção e retoma seu interesse em aquisições no país. Atualmente, a Claranet conversa com três empresas e avalia negócios com faturamento entre R$ 50 milhões e R$ 150 milhões.

O executivo Daniel Galante, ex-diretor de operações da Tivit, retorna à Claranet como executivo-chefe (CEO) após ter atuado no comando da empresa entre 2016 e 2019. Galante assume o lugar de António Miguel Caetano Ferreira, que comandou a operação por cerca de um ano e agora assume os conselhos da Claranet no Brasil e na Espanha, com base na matriz, em Londres.

A ampliação da base de clientes de grande porte e a modernização do portfólio de nuvem com aplicações de inteligência artificial (IA) generativa estão no foco da gestão de Galante. “A missão é ampliar a base de clientes ‘enterprise’ no mercado brasileiro, usando ‘squads’ [grupos multidisciplinares] globais para clientes brasileiros dentro e fora do Brasil”, diz o executivo ao Valor.

Galante afirma que o cenário econômico local mais desafiador, com juros altos, e o clima de incerteza em relação ao cenário global não travam os planos da Claranet no país. “Embora o cenário macroeconômico esteja bastante mexido, as empresas brasileiras têm apresentado bons resultados de forma consistente e o Brasil já está habituado às intempéries”, afirma o CEO.

Uma das missões de Ferreira será apoiar a expansão da empresa por meio de aquisições, após um período de um ano voltado ao crescimento operacional da companhia. “Buscamos empresas que tenham uma boa carteira de clientes, nas áreas de nuvem e de cibersegurança, para ampliar as áreas de dados e inteligência artificial (IA)”, diz Ferreira.

Em outubro, a empresa informou ao Valor que planeja investir R$ 160 milhões nos próximos cinco anos para criar serviços e ampliar a base de clientes no país. A expectativa é chegar a 2028 com receita de R$ 500 milhões.

O caixa ganhou fôlego para aquisições após a venda da Claranet Portugal ao grupo de telecomunicações Nos, por € 152 milhões.

Em 2024, a subsidiária brasileira teve receita líquida de R$ 248 milhões, avanço de 2% em base anual sem contar aquisições. A receita do grupo, que opera em 10 países e emprega 3,3 mil pessoas, ficou em 490 milhões de libras esterlinas (€ 582milhões) - aumento de 13,9% em relação aos 430 milhões de libras registrados em 2023.

Ferreira entrega a gestão da Claranet Brasil a Galante após um período conturbado na companhia. Em abril de 2024, o então diretor-presidente e conselheiro Edivaldo Soares Rocha saiu do cargo e vendeu sua participação na empresa, após denúncias de assédio sexual e questionamentos judiciais sobre decisões do conselho de administração.

Segundo Galante, neste último ano, foram reforçadas as políticas de segurança e ética da empresa, que conta com 300 funcionários no Brasil. “Temos um canal de ética que pode ser acessado 24 horas e todos os funcionários foram treinados e motivados a fazer eventuais denúncias”, disse Galante, que havia feito reuniões recentes com o comitê de ética. “Estamos totalmente estruturados e preocupados em receber e endereçar esses temas”.

Link da notícia no Valor Econômico.